Algumas das minhas memórias de infância passam pela Feira de Agricultura de Santarém. Todos os anos, com o tempo já quente, no final do ano lectivo, me recordo de ver os animais, máquinas e muitos stands em visita com os meus pais; recordo-me de voltarmos a casa cansados e com muitos brindes, de haver muita gente e de furarmos para conseguir ver tudo. Depois 'cresci', vieram os meses de Junho com exames, depois Junho passou a ser altura de férias, depois passou a ser mês de muito trabalho e não voltei à feira. Vinte anos depois, volto à Feira, a convite da Associação Nacional de Proprietários Rurais, para conhecer mais sobre a carne de caça. A prática da caça está sujeita a regras para respeitar os períodos de reprodução dos animais e o equilíbrio do ecossistema (por exemplo, nesta altura do ano não há caça de perdiz), mas falou-se mais nas características da carne, que é muito menos gorda do que a de produção, seja industrial seja biológica, e que requer cuidados específicos de preparação. O chef Giorgio Damásio recorreu às suas memórias de Itália e explicou que a carne de caça 'de pêlo' é normalmente marinada com ervas e especiarias como zimbro, aipo e vinho tinto, enquanto a carne 'de pena' usa vinho branco. Provamos um paté de veado com pimenta preta e um ravioli com carne de veado, e chouriço de javali e um lombo de javali com cogumelos. Para quem não caça, há restaurantes que encomendam a distribuidores como a Prazeres do Campo para preparar estas iguarias que estão em linha com o que hoje em dia se procura: o mais natural.
Sem comentários:
Enviar um comentário